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O INÍCIO

 

Os anos 60 e o início dos anos 70 no Brasil são marcados por um grande crescimento populacional e, também, por um desenvolvimento industrial, financiado, em grande parte pelo capital estrangeiro. A cidade de Salvador não escapa a tal regra, as regiões do CIA (Complexo Industrial de Aratu), localizado na cidade de Simões Filho, e o COPEC (Complexo Petroquímico de Camaçari) funcional como centro de dinamização da economia e da atração de trabalhadores. Junto a isso, o ideal de progresso e de realização de sonhos nos centros urbanos, associado a difícil condição de vida no interior do estado, faz com que um grande número de retirantes comece a residir na cidade do Salvador durante tal período.

 

As áreas situadas no centro da cidade não suportaram tal contingente populacional e os bairros proletários já estavam bastante povoados, como também as encostas, áreas de considerável risco de instalar residências, já estavam em pleno processo de ocupação. Diante de tal situação, começa a surgir a necessidade de autoridades buscarem alguma solução para tal problema, solução esta que consistiu em um projeto de criação de conjuntos habitacionais previamente planejados.

 

A região onde se encontra, hoje, o nosso bairro situava-se em uma área estratégica, pois, além de estar ligada a núcleos habitacionais já existentes (Castelo Branco, Pau da Lima, Sete de Abril), portanto, podendo contar com seus serviços urbanos estruturais, poderia servir como elemento importante na expansão em direção ao CIA e ao COPEC, já que ela se situaria às margens da BR-324, além disso, serviria de bairro dormitório para as regiões de maior desenvolvimento industrial.

 

No ano de 1975, o Governo Estadual iniciou as desapropriações objetivando a construção do bairro. As Fazendas Jaguaribe de cima ou Fazenda Grande, Cajazeiras e Boa União, juntamente com Chácara Nogueira, foram desapropriadas, perfazendo um total de cerca de 16 km².

 

O conjunto então começa a ser construído e no início dos anos 80, durante o governo de João Durval Carneiro, são entregues as primeiras unidades habitacionais aos moradores. A previsão do projeto era construir 18.523 unidades habitacionais, divididas em sete bairros e que o conjunto recebesse cerca de 100.000 moradores, veremos pouco mais adiante que não foi bem isso que aconteceu.

 

Dentro do projeto de construção do bairro, havia uma perspectiva de se construir também, uma consistente rede de serviços, onde comércio, transporte, saúde e educação estivessem ao alcance da população dentro do conjunto habitacional, facilitando assim, suas condições de residência. Em princípio, tal fato não se verificou, os moradores tinham que buscar todos estes serviços no centro de Salvador, sendo obrigados a constantemente se deslocarem para lá com tal objetivo. Porém, a pergunta que se instaura é: Como se deslocar? As linhas de ônibus, ainda em processo de implantação, não atendiam as necessidades da população, nem todos os bairros contavam com o seu atendimento, a demora era constante e não ligava os passageiros aos pontos mais importantes da cidade.

 

CRESCIMENTO NO FINAL DOS ANOS 80 E DURANTE OS ANOS 90

 

A construção da rede comércio e de serviços acelera-se no final da década de 80 e no início da década de 90. Comércio, hospitais (tanto públicos quanto privados), postos de combustíveis, escolas (também públicas e particulares), acompanhando a demanda dos moradores, surgindo a partir da iniciativa individual dos empresários, que não contaram com o apoio das autoridades governamentais.

 

Apesar de tudo, Cajazeiras encontra-se hoje com um comércio bastante diversificado, os seus moradores tem acesso a praticamente todos os produtos necessários as suas satisfações dentro do próprio bairro.

 

O Centro Educacional Sol Nascente faz parte desta história. Fundado no dia 19 de março de 1984 por Tânia Maria Ribeiro Guimarães.

  • Professora da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) dos cursos de Ciências Biológicas nas disciplinas Ecologia e Estágio Supervisionado.

  • Do curso de Pedagogia Campus 1 Salvador das disciplinas Metodologia do Ensino de Ciências e Estágio Supervisionado.

  • Vice-diretora e Diretora do Colégio Edvaldo Brandão Correia.

  • Exercendo atualmente a função de Professora da disciplina Estágio Supervisionado do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Programa Graduação Intensivo – Rede UNEB – Convênio Universidade do Estado da Bahia com o Município de Salvador (Secretária da Educação).

 

No princípio, era uma pequena escola, que cuidava apenas do pré-escolar e da alfabetização, com o passar dos anos e com o aumento da idade da maioria dos estudantes, o colégio, atendendo a um aumento da procura, também começa a oferecer Ensino Fundamental e Médio. Faz-se necessário observar que as pesquisas realizadas pela URBIS (Empresa de habitação e urbanização da Bahia) apontaram que no início dos anos 80 cerca de 40% dos filhos dos futuros moradores tinham entre zero e seis anos de idade, e que por volta de 50% das famílias não tinham filhos, não obstante, houvesse grande possibilidade de tê-los, devido ao fato de tratar-se de recém-casados, em sua grande maioria.

 

O avançar do oferecimento de séries no Centro Educacional Sol Nascente acompanha, justamente, o crescimento das crianças que foram citadas acima, fato que comprova que a história do colégio e a história do bairro estão intimamente interligadas. O compromisso com o desenvolvimento profissional e ético dos seus estudantes é o principal compromisso da escola, formar cidadãos que tenham capacidade de intervir em nossa sociedade de forma inteligente e responsável, não trata mais de uma utopia para a escola, já é uma realidade.

 

Um grande número de filhos desta forma competentes de se fazer educação já esta no mercado de trabalho e nas Universidades, sendo a maioria prova e a garantia que esta escola, vem até agora, cumprindo sua missão.

 

PRINCIPAIS PROBLEMAS ATUAIS

 

O iniciar deste século impõe aos povos de todo o planeta problemas difíceis de serem solucionados: o aumento alarmante dos níveis de desemprego, a fome, a marginalização constante, a criminalidade, o aumento das desigualdades sociais de uma forma geral, o imenso fosso que separam os países ricos dos países pobres.

 

Cajazeiras não escapa de diversos destes problemas, e inegável que a situação do bairro é a que desejávamos ver. O grande número de jovens e pais de família desempregados, o aumento da violência e da criminalidade são problemas coletivos que saltam aos olhos, inclusive, do observador mais desavisado.

 

O péssimo serviço de transporte e o deficiente serviço médico gratuito dificultam a vida dos moradores, soma-se a isso a ausência de agências bancárias e de postos dos Correios, demanda estas que eram as principais reivindicações dos moradores.

 

Segundo informação do administrador regional de Cajazeiras, o conjunto conta hoje, com mais de 535.000 habitantes, que ocupam uma área de aproximadamente 24 km². Vivemos no maior conjunto habitacional da América Latina, além disso, no bairro mais povoado de Salvador.

 

A população, durante vinte anos quintuplicou comparada com as expectativas iniciais do Governo e da URBIS. Esse fato tem sua explicação garantida, também, pelo crescimento de diversas favelas em áreas onde não foram construídas unidades habitacionais, devido tanto à carência de recursos por parte do Estado quanto pela falta de procura por partes dos futuros moradores. Esse inchaço populacional, que, diga-se de passagem, não se verifica somente em Cajazeiras, junto com a falta de desenvolvimento das forças produtivas do nosso país, é o principal responsável pelo subemprego em nossas áreas urbanas e ajuda-nos a entender os diversos problemas enfrentados pelo bairro hoje.

 

PERSPECTIVAS

 

Apesar de ocorrerem, em nosso bairro, todos estes problemas acima relatados, Cajazeiras apresenta um grande potencial humano de desenvolvimento, é extremamente necessário acreditarmos no potencial humano dos nossos moradores e nos serviços que são oferecidos dentro do bairro. O fato de estamos localizados em uma região periférica, não tira a nossa relevância; periferia não deve ser confundida com o subúrbio, como também o subúrbio não merece ser desvalorizado. A primeira é uma área que mesmo estando dentro dos limites da cidade, encontra-se em condições abaixo das necessidades urbanas (Sub= abaixo, urbana= cidade).

 

Investir no potencial deste bairro é o grande desafio que nos deparamos neste momento. Os problemas e as desigualdades só cessarão no momento em que a própria população do bairro, de forma conjunta, trabalhar para resolvê-los. Acreditar que a solução é o melhor caminho esta aqui dentro sendo a tônica deste processo.

 

Esse texto foi elaborado pelos professores Alex Ivo e Taiguara Gomes, tendo como fonte de pesquisa o trabalho realizado pelos alunos da 7ª e 8ª série no ano de 2003, durante a 1ª Unidade como exigências das disciplinas Atualidades e Língua Portuguesa, ministrada pela professora Sandra Freire.

HISTÓRIA - Cajazeiras e Sol Nascente: histórias que se completam.

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